O
Hospital Geral Unimed (HGU) realizou, na última quarta (09), mais um Implante
de Válvula Aórtica Transcateter, conhecido como TAVI. Desta vez, a equipe
liderada pelo cirurgião cardiovascular Marcelo Ferraz de Freitas também contou
com a médica Magaly Arrais, que faz parte do corpo clínico do Hospital do
Coração (HCor) e é considerada uma das principais referências em cirurgia
cardiológica do país.
Realizado
na unidade de Hemodinâmica, o procedimento é considerado menos invasivo por não
ser necessário abrir o tórax do paciente e é indicado para pacientes que têm
risco alto para a cirurgia convencional.
“A
cirurgia aberta ainda é o padrão ouro de resultados de médio e longo prazo.
Entretanto, esse grupo de pacientes mais idosos, ou com outras doenças
associadas, o risco cirúrgico acaba sendo muito alto. Então, às vezes, o
tratamento é mais agressivo do que a doença”.
As
válvulas cardíacas são responsáveis por distribuir o fluxo sanguíneo que
circula dentro do coração. Algumas doenças, como a estenose de válvula aórtica,
que é o estreitamento da válvula, podem limitar ou comprometer a saúde.
Na TAVI,
de forma geral, o acesso é feito pela artéria da perna do paciente, normalmente
a artéria femoral. Então, é feita a dilatação da válvula aórtica que está
estreitada, ou seja, dificultando a passagem de sangue. Imediatamente após, é
implantada uma nova válvula.
Time
do coração
Ao longo
do tempo, a TAVI amadureceu por meio dos heart teams (times do coração,
em tradução livre), grupo formado por médicos especialistas de diferentes áreas
da cardiologia, como o cardiologista clínico, o cirurgião, o hemodinamicista e
o ecocardiografista. Geralmente, são os mesmos profissionais que criam uma interrelação
técnica para discutir casos complexos e indicar o tratamento mais seguro e
eficaz para pacientes críticos.
O paciente
que passou pela TAVI realizada no HGU na última semana tinha um grau de
obstrução das artérias femorais que poderia dificultar o acesso para
implantação da válvula. Quando isso acontece, é necessário o uso de uma via
alternativa que, nesse caso, seria a carótida, artéria localizada no pescoço.
Todas
essas condições foram mapeadas previamente pelo heart team, permitindo o
desenho de um plano de cuidado mais amplo. Tendo em vista a possível
necessidade de utilização de uma via de acesso alternativa, a equipe do HGU
contou com o apoio de Magaly Arrais.
“Devido
à carótida não ser uma via de acesso corriqueira, em nome da segurança do
paciente, trouxemos a doutora Magaly, profissional conhecida em toda a
cardiologia brasileira e uma das mais experiente hoje em vias alternativas”,
comenta Freitas.
A médica
explica que o avanço desse tipo de procedimento beneficia um grupo de pacientes
que tende a crescer nas próximas décadas.
“A
literatura demonstra que, antes de existir a TAVI, cerca de 30 a 40% desses
pacientes não eram submetidos a nenhum tratamento, nem cirúrgico, nem de
intervenção, e morriam por não ter a chance de um tratamento efetivo. Com o
envelhecimento da população, com a tendência de inversão da pirâmide etária no
país, a gente vai ter cada vez mais pacientes desse grupo. E oferecer um
procedimento efetivo, menos invasivo, que pode ser feito com menor risco, um é
uma vantagem para esses pacientes”.
Inovação
e segurança
A TAVI
tem indicações específicas e exige cautela na hora de analisar os critérios
para tornar um paciente elegível a ser submetido a ela, especialmente porque
não são todos que atingem uma faixa etária elevada com funções orgânicas e
mentais preservadas para poder passar por esse tipo de intervenção. Devido a
isso, torna-se um procedimento feito em menor volume pelos hospitais.
Segundo Freitas,
os primeiros materiais que surgiram no mercado não eram refinados suficientemente
para assegurar que o melhor cuidado estava sendo entregue ao paciente. Ele
afirma que, atualmente, o HGU desfruta da maturidade em realização de TAVIs.
“O
aperfeiçoamento da tecnologia vem se desenvolvendo de forma dramática,
especialmente nos últimos cinco anos, e hoje contamos com materiais de alta qualidade,
com menores riscos de complicações associadas. E foi justamente quando a gente
percebeu a escalada de realização desse procedimento. Hoje, o HGU é o centro de
referência em realização de TAVI em Ponta Grossa e nos Campos Gerais pelo
conjunto de recursos: físicos, materiais, de equipe e de equipamentos”.
Outro
ponto destacado pelo cirurgião foi a otimização de recursos, que impactam no
crescimento dos implantes. Se antes o paciente precisava se deslocar aos
grandes centros para obter esse tipo de tratamento, hoje a tecnologia já se
tornou itinerante.
“Antigamente,
os equipamentos eram enormes. Agora, muitas coisas de que a gente precisa estão
reduzidas a um computador. Há equipamentos que nenhum hospital dispõe deles
alocados na estrutura física, porque são para procedimentos que não são feitos
diariamente. A tecnologia encolheu em tamanho, ficou mais prático, logico e
seguro trazê-la ao paciente”, analisa Freitas.
Na visão
de Magaly, a ampliação da oferta dessas cirurgias beneficia pacientes,
instituições e a própria saúde local. “A estrutura que encontrei aqui é
excelente. Não tem diferença entre os grandes centros e isso é algo muito bom,
democratiza a medicina. Cidades que tenham um hospital como este, com uma
estrutura como essa, com profissionais capacitados e habilitados, com o heart
team bem treinado, com toda uma equipe de suporte disponível, pode atender
esse grupo de pacientes e fazer esse tipo de procedimento com sucesso”, ressalta.
A equipe
que realizou o procedimento foi composta pelos profissionais: Marcelo Ferraz de
Freitas (cirurgião cardiovascular); Magaly Arrais (cirurgiã cardiovascular
híbrida); Liliana Pilatti (hemodinamicista); Oaidia Serman (cirurgiã cardíaca);
Nickolas Nadal (cardiologista ecotranstorácico); Deyvid Santos da Cruz
(anestesiologista); Camila Sieklicki (enfermeira); Gislaine Pedrozo (técnica de
enfermagem); e Leila Oliveira (técnica de enfermagem).